Moda, necessidade ou consciência: o que está por trás da alta na procura por produtos orgânicos?
O crescimento na procura de produtos orgânicos é um fenômeno que vem se consolidando há tempos e não surgiu apenas deste ou daquele acontecimento isolado. É evidente que o interesse por orgânicos cresce – e vai crescer mais ainda – na razão direta da preocupação das pessoas com a própria saúde e da família, inclusive na busca do fortalecimento da defesa imunológica contra a ameaça das atuais e futuras cepas de vírus.
Mas, e é preciso deixar isso bem claro – eles já ocupavam um espaço privilegiado entre as possíveis escolhas dos consumidores muito antes do Covid-19, graças à tenacidade do movimento orgânico em espalhar seu conceito de pureza, saúde e preservação. Portanto, podemos afirmar que a pandemia foi apenas o “empurrãozinho” que as pessoas precisavam para uma tomada da decisão que já estava a caminho.
A partir dessa consciência, a marca coletiva construída pelos orgânicos precisa continuar firme no trabalho que a coloca em primeiro lugar entre as opções mais confiáveis para quem busca uma nutrição sem aditivos químicos ou manipulações que reduzam os teores de nutrientes.
Outro importante quesito a ser colocado nesta balança é a percepção coletiva de que o produtor orgânico, seja ele agrícola, artesanal ou industrial, é alguém que colabora com a manutenção e a recuperação do meio ambiente. E se falamos em aumento na demanda, não podemos também perder de vista que os produtos orgânicos também oferecem evidentes diferenciais de sabor, cor, textura e outras qualidades que, certamente, também sustentam esse fenômeno que nada tem de passageiro. Quem experimenta, quer repetir.
Firmando tendências e ampliando espaços
Outro ponto interessante a destacar é que os orgânicos, por apresentarem tantas vantagens éticas, técnicas e mercadológicas, tendem a se tornar “o novo normal”. Explicando melhor, a tendência é que a dita “agricultura convencional” vá, cada vez mais, adaptando seus meios de produção e buscando conquistar sua certificação orgânica. A esse segmento do mercado, afora outras motivações, atrai nos produtos orgânicos o fato de terem um marco legal definido e uma grande cadeia de controle, a começar pelo elevado grau de exigência dos seus consumidores.
Importante também salientar que o orgânico tem rastreabilidade e controle, garantia de origem e outros benefícios, viabilizando maior valor agregado em relação à produção “convencional”. E esse processo de adesão ao conceito orgânico de produção, já em curso, só tende a crescer, a começar pelas milhões de propriedades classificadas como “agricultura familiar”, mas sem nada que impeça o seu avanço nas searas do grande agribusiness. Eles também são sensíveis à questão da cidadania ambiental, que cresce nesse momento de crise sanitária de dimensões globais e mudança de rumos na maior potência econômica mundial.
Cidadãos são propensos a levar em conta não apenas produtos, mas a maneira como são feitos, a trajetória de cada um até chegar a ele. Por isso, cresce a necessidade de divulgar cada vez mais os conceitos, produtos e marcas orgânicas por meio de estratégias profissionais e as mais avançadas ferramentas de comunicação. É preciso continuar a ser a primeira opção de quem se decide por uma alimentação e um estilo de vida saudáveis e deseja evitar marcas que prejudicam a natureza e as pessoas.
Do outro lado, continua existindo, é claro, a “indústria da teimosia”, que, a priori, considera prejuízo qualquer investimento a médio e longo prazos e resiste às mudanças em curso. Trata-se, na verdade, de um embate global cada vez mais importante entre a sustentabilidade e o esgotamento dos recursos naturais, no qual cresce a responsabilidade de todos os envolvidos no mercado de orgânicos. Errar, nesse caso, será desumano. Que estejamos, sempre, juntos e ao lado da razão, do diálogo, da paz.