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Crianças podem ser vegetarianas?

Por Tamires Duarte, nutricionista especializada em nutrição clínica e vegetariana

Segundo o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), cerca de 14% da população brasileira se declara vegetariana, representando cerca de 30 milhões de pessoas.  O que acontece é que, agora, é cada vez mais frequente que esse desejo parta da criança, que demonstra ainda cedo não querer consumir alimentos de origem animal.

A dieta vegetariana na infância está presente no Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos, documento elaborado pelo Ministério da Saúde que norteia as condutas dos profissionais de saúde. De acordo com o órgão, além de ser segura, a dieta é mais simples do que parece, sendo possível garantir o desenvolvimento saudável e os nutrientes necessários – inclusive para a fase de introdução alimentar, a partir dos seis meses de idade.

Confira como garantir a ingestão de todos os nutrientes necessários, em especial o ferro e o cálcio, e a proporção adequada para cada alimento:

  • 1/3 de legumes e verduras (beterraba, cenoura, abobrinha, couve, brócolis);

Vale reforçar a importância de oferecer leguminosas duas vezes ao dia, uma vez que são a principal fonte de proteína e de ferro. Além disso, ingerir uma fruta junto à refeição otimiza a absorção do ferro.

Por isso, capriche nas fontes de cálcio nas demais refeições: tahine (pasta de gergelim), feijão branco, leite vegetal, tofu, brócolis e couve são alguns bons exemplos que podem ser utilizados.

Principais dúvidas sobre a alimentação vegetariana na infância

Como existem muitas dúvidas sobre o assunto, é comum que mães, pais e cuidadores fiquem preocupados. Pensando nisso, separamos algumas dicas valiosas para que esse processo seja simples, saudável e seguro e respondemos as principais dúvidas existentes:

Meu filho terá deficiência de alguma vitamina se não comer carne? Vai precisar de vários suplementos?

A única vitamina que com a dieta vegetariana estrita não é possível obter é a B12. Assim, o médico ou nutricionista deve avaliar e prescrever a suplementação necessária. Lembrando que a suplementação de ferro e vitamina D deve seguir as mesmas recomendações para crianças onívoras (que comem carne).

Há maior risco de deficiência de ferro?

Fazendo os ajustes necessários citados anteriormente é fácil bater a meta diária. Além disso, crianças onívoras e vegetarianas apresentam a mesma prevalência para anemia por deficiência de ferro. Por isso, seguindo a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), existem protocolos de suplementação preventiva a partir dos 3 ou 6 meses de vida.

Se meu filho comer muito feijão terá gases?

Deve-se tomar alguns cuidados na preparação para melhorar a digestibilidade. Deixar os grãos em molho na água por pelo menos 12 horas antes de iniciar a cocção, por exemplo, é uma ótima forma de eliminar compostos que interferem na absorção de nutrientes e geram desconfortos gástricos.

Acompanhamento profissional

É importante reforçar que a dieta vegetariana pode ser seguida em qualquer ciclo da vida: desde a gestação até a fase adulta, segundo a Academia de Nutrição e Dietética Americana, Sociedade Canadense de Pediatria e Sociedade Italiana de Nutrição Humana. Na infância, apenas há a necessidade de acompanhamento com um nutricionista especializado em alimentação infantil e com um médico pediatra para garantir o desenvolvimento saudável.

Diante da necessidade de ampliação do conhecimento para atender esse público, o Conselho Federal de Nutricionistas reconhece a especialidade Nutrição Vegetariana, incentivando que cada vez mais profissionais se especializem no tema.

Promover um bom hábito alimentar na infância é necessário para garantir o crescimento e desenvolvimento de bebês e crianças. A alimentação vegetariana bem planejada traz muitos benefícios à saúde, com menor quantidade de gordura saturada e colesterol e maior quantidade de fibras, magnésio, potássio e antioxidantes.

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