Há mais de 20 anos atuo no setor de alimentação e acompanhei a intensificação do movimento do alimento super padronizado para a libertadora personalização. Sim! Libertadora. Para o cliente era muito desagradável pedir um prato e ter que ficar separando ingredientes que não gostava porque recebia a resposta: “senhor, não podemos mudar.”

Os grandes movimentos do mercado nos permitiram evoluir do conceito “um para muitos” para “muitos para muitos”. Parece básico e óbvio, mas ainda há muito espaço para cativar os clientes nesse sentido. Diversas marcas ainda não refletiram sobre como fazer.

Sem dúvida uma marca emblemática no mercado brasileiro em relação à personalização foi, e é, a Spoleto. Me lembro das minhas primeiras visitas… era demais! Escolher a massa, os ingredientes e ter um resultado único, só com meus sabores favoritos. Delicioso e exclusivo.

Em Nova Iorque conheci a marca Amorino. Quando viajo, pesquiso pela melhor gelateria. E no site dizia que era a melhor da cidade, em Nova Iorque? A melhor? Fui conferir! Amorino é uma marca francesa que posteriormente expandiu-se pela Europa, EUA e Ásia. E eles moldam o gelato em formato de pétalas.

A qualidade do gelato é perfeita. Mas, para mim o melhor foi quando perguntei quantos dos 20 sabores da vitrine eu poderia escolher para meu gelato a atendente me disse: todos! Certamente eu não escolheria, mas a sensação de liberdade foi imensa.

Um contraponto a ser feito em relação a perspectiva de personalização é o da inovação a partir de novos sabores. O mundo globalizado no qual vivemos, a importação e exportação de produtos e alguns movimentos recentes de refugiados que vieram para o Brasil como Sírios, Haitianos e Venezuelanos geraram novas relações culturais com a alimentação.

Historicamente o Brasil é amplamente miscigenado e isso tudo nos leva a uma grande e nova gama de sabores para experimentar. Somado a isso, temos o movimento promovido por grandes chefs em prol do conhecimento e da riqueza gastronômica dos produtos dos biomas brasileiros.

O fato é que somos seres em constante transformação e ao longo de um mesmo dia podemos ser várias pessoas: esportista, profissional, mãe/pai/filho/amigo, estudante… e ao mesmo tempo ter necessidades e vontades absolutamente antagônicas: saudável, happy hour com fritura, tudo pronto só para consumir, totalmente aberto a experimentar sabores do Peru, por exemplo…

Ninguém descobre um novo restaurante se esse não estiver nas mídias sociais.

Um elemento fundamental e transversal, seja para a personalização, seja para a experimentação, é a integração com a tecnologia. Ninguém descobre um novo restaurante se esse não estiver nas mídias sociais. A confiança na origem de um produto é maior quando conto sua história e dou visibilidade sobre de onde vem.

Seres humanos simples e complexos! Assim somos!

Até o próximo.